sexta-feira, 21 de junho de 2013

47 - As Jornadas de Junho (Parte II)


Pessoal, mais dois textos interessantes sobre as "Jornadas de Junho". O primeiro foi escrito por Mino Carta, no site da Carta Capital, e o segundo é de Cynara Menezes, do blog Socialista Morena. Os dois têm posições ideológicas bem diferentes das de Reinaldo Azevedo, da postagem anterior, que comenta o mesmo tema. Seguem abaixo trechos dos textos originais.

TEXTO I – O PT FICOU PARA TRÁS

O Brasil vive um momento de desencontros e esperanças, nem todas bem-postas.

Difícil mesmo, se não impossível por enquanto, distinguir o que move os manifestantes. Certa apenas a demanda da periferia no país da casa-grande e da senzala. Aludo à maioria dos brasileiros que usam ônibus e desconhecem um certo Estado do Bem-Estar Social, para sofrer as consequências de sistemas de saúde, educação, transporte coletivo de péssima qualidade. Sem contar o saneamento básico.

No mais, há espaço nas ruas para as motivações mais diversas, desde o prazer da festa até a expectativa de quem aspira a alguma mudança sem saber como se daria e com qual profundidade. Desde quem se aproveita da confusão para quebrar vidraças e invadir lojas até os netos e bisnetos dos burguesotes das marchas da família, com Deus e pela liberdade, que invocavam o golpe em 1964. Todos juntos, como torcidas uniformizadas, mas ao acaso, sem liderança. Abrem-se situações expostas a qualquer desfecho e mais uma certeza é a de que ninguém consegue controlar as ruas.

Entende-se. Igual ao abismo que separa ricos e pobres há outro entre a nação e as instituições ditas democráticas. Entre Legislativo, Judiciário e Executivo e esta massa empurrada em boa parte por intenções nebulosas. Avulta, no quadro, a ineficácia do Congresso, entregue aos interesses particulares de deputados e senadores, donde inabilitados a influenciar o destino do protesto popular e, cada qual, o comportamento dos seus eleitores.

Por Mino Carta. Texto completo em http://www.cartacapital.com.br/revista/754/o-pt-ficou-para-tras-2204.html

TEXTO II – PROTESTAR CONTRA TUDO É O MESMO QUE PROTESTAR CONTRA NADA

O que vejo nas ruas é um festival de generalizações. Artistas divulgam nas redes sociais frases de efeito vazias: “Ou o Brasil muda ou o Brasil para”, “Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”. Essas palavras podem soar bonitas, mas não significam nada na prática. São apenas slogans escritos em uma cartolina por pessoas despolitizadas que não parecem genuinamente comprometidas com o País. “O gigante acordou” é trecho de propaganda de uísque. “Vem Para a Rua” é jingle de automóvel. Trechos do hino nacional ou de canções do Legião Urbana são poéticos porém inúteis.

Vejo gente saltando diante das câmeras de TV que nem no carnaval e assisto a entrevistas onde os participantes não conseguem concatenar meia dúzia de ideias para justificar por que estão ali. Resumem-se a dizer que protestam “contra tudo”. Contra tudo o quê, cara-pálida? É mentira que o Brasil esteja totalmente ruim para que seja preciso protestar contra TUDO. É contra a Copa? Ótimo. Pelo menos é UMA razão. Quem protesta contra tudo, a meu ver, não está protestando contra coisa alguma. Afinal, o protesto é à vera ou é só para postar no Facebook?

Uma manifestação se distingue de uma turba pelas reivindicações e pelas causas que possui. Uma manifestação sem rumo e sem causa pode se transformar facilmente em terreno fértil para aproveitadores e arruaceiros.

Por Cynara Menezes. Texto completo em http://socialistamorena.cartacapital.com.br/ protestar-contra-tudo-e-o-mesmo-que-protestar-contra-nada/

 

 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

46 - As Jornadas de Junho


AS JORNADAS DE JUNHO: UMA VISÃO CRÍTICA

Pessoal, segue abaixo uma adaptação de textos do jornalista Reinaldo Azevedo sobre os protestos dos últimos dias, que chamei de "jornadas de junho" (não sei se outras pessoas também usaram ou usam esse termo, que faz alusão a um episódio da Revolução de 1848 na França). Os textos foram escritos em 18 e 19 junho no site da Veja. Achei a abordagem de Reinaldo Azevedo interessante porque rompe com a visão predominante, simpática aos protestos. A adaptação dos textos ficou longa, mesmo com a omissão de algumas partes, mas destaquei em vermelho os trechos que considerei mais importantes.

TOMADA DE POSIÇÃO

Já escrevi e reitero: eu não apoio ações ou movimentos que tornam o mundo menos livre do que é, menos democrático do que é, menos pluralista do que é. E gente que ousa acreditar que pode impor a sua vontade à força porque tem a ambição de que o seu anseio traduza a vontade coletiva não é nem jamais será da minha turma, ainda que, episódica ou esporadicamente, goste ou desgoste das mesmas coisas que me agradem ou me desagradem. Não posso e não vou chamar a imposição de exercício da cidadania.

PAUTAS DISTINTAS

Em São Paulo e no Rio, o mote principal da manifestação foi a redução das passagens de ônibus. Em Belo Horizonte e em Brasília, falou-se mais dos gastos oficiais com a Copa do Mundo, a despeito das precariedades existentes na saúde e na educação. São pautas distintas, que acabaram se combinando no que seria um movimento nacional. Assim, uma das tarefas postas ao jornalismo é saber, com precisão, para além das perorações encantadas e encantatórias, quem quer o quê e mobiliza quem. Isso ainda não está claro.


Noto que há um esforço para tentar adivinhar as raízes do que seria uma súbita explosão de consciência. Descontentamentos há tempos represados, insatisfações há muito mitigadas teriam vindo à flor da pele, e estaríamos vivendo os nossos dias de Egito ou Turquia. Para tanto, convenham, seria necessário que se caracterizasse, então, ou a ditadura (que nos aproximaria do povo egípcio) ou o regime autoritário à moda turca, que censura a imprensa, impõe a linha justa religiosa, submete a sociedade, paulatinamente, a uma disciplina teocrática. Mas onde estão esses fatores? Na ausência deles, interroga-se se a inflação renitente, o crescimento medíocre, um Congresso que se orienta pelo troca-troca não foram abrindo rachaduras na muralha petista. O protesto contra a passagem de ônibus teria sido, então, a gota d’água que fez romper o dique.

Como já escrevi aqui, peço desculpas, então, pelo meu pessimismo, pela minha desesperança. Em São Paulo, por exemplo, o protesto é mesmo contra a elevação da passagem de ônibus de R$ 3 para R$ 3,20. Um movimento que atuava em parceria com o petismo, o Passe Livre, que tem como pauta principal a aloprada defesa da “tarifa zero”, uniu-se a militantes de extrema esquerda, e os dois grupos organizaram uma série de protestos violentos, que demandaram a, atenção!, justa e correta intervenção da Polícia Militar. Se houve excessos na quinta-feira — e bala de borracha em jornalista não é necessariamente prova disso; é preciso apurar —, que sejam punidos! Mas o fato é que a PM, em regra, combateu baderneiros, incendiários, depredadores. Se eles não representavam o movimento, que este viesse a público para repudiar o vandalismo. Não só não fizeram isso como tiveram o topete de mentir, sustentando que os arruaceiros apenas respondiam à violência policial.

OUTRA ABORDAGEM

Casaram-se três pragas da contemporaneidade, que resultaram nos conflitos que estamos vendo: uma é de alcance quase universal nas democracias; as outras têm uma marca muito nossa, muito própria de Banânia.


Uma das doenças das democracias é a emergência de minorais radicalizadas ou de grupos sectários que reivindicam o direito de impor à coletividade as suas vontades. Confundem a tolerância que devem ter os regimes democráticos com uma ditadura de minorias. Assim, para esses grupos, nada mais natural do que tomar de assalto as ruas ou as instituições e impor uma decisão na base do berro — e, se necessário, da violência. Desculpem-me! Eu não posso esquecer que, há coisa de dois meses, grupinhos de 20 ou 30 pessoas simplesmente impediam o funcionamento da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara, com amplo apoio da imprensa — o mesmo com que contou o Movimento Passe Livre. Isso que chamo “fascismo de minoria” é chamado por aí, com impressionante desassombro, de “direito” e “liberdade de expressão”. Não é um mal exclusivo do Brasil.

Já a impunidade tem a nossa cara. Está se tornando corriqueira no país a noção de que desrespeitar a lei para fazer justiça social é mais do que um direito; seria mesmo um dever. Assim, o Movimento Passe Livre e seus companheiros de extrema esquerda só estariam querendo o bem dos paulistanos e dos brasileiros. E por que não poderiam, então, parar a cidade? Afinal, não é isso o que faz, dia sim, dia também, o MST, sem que se lhe advenha qualquer consequência? Não estão aí os índios, com o amparo de Gilberto Carvalho, a invadir terras, a incendiar propriedades, a expulsar proprietários? Outro traço que vai nos definindo como país é a noção de que o estado é o grande provedor de tudo. Logo, perguntam, por que o transporte não pode ser gratuito?

Infelizmente, não vejo em nada disso uma abordagem de resistência, que pudesse ser, de algum modo, útil à democracia, ao estado de direito e mesmo à alternância de poder. Ao contrário: vejo reproduzida em alguns desses episódios a pior mística dos primeiros tempos do petismo, e não é por acaso que a imprensa se tomou de encantos pelo Passe Livre. Eu diria até, atenção para isto!, que também os traços de classe social se repetem. A exemplo dos primeiros petistas, lá do começo dos anos 1980, também o Passe Livre tem a cara, o jeito e o pensamento da elite radicalizada, que se considera dotada de uma consciência superior, com a qual vai civilizar e libertar os oprimidos. É próprio desse estrato social, faça ou não política, tenha ou não “consciência”, achar que a lei existe apenas para os outros.

A POSTURA DA IMPRENSA

A imprensa brasileira, nessa sua fase criativo-cidadã-participativa, deu para criar categorias com as quais pretende corrigir a realidade para justificar a sua militância. Assim, inventa coisas como “cura gay”, “bolsa estupro” e… “maioria pacífica”. Já escrevi sobre as três e vou me ater um pouco mais sobre essa terceira. A “maioria pacífica” designa as pessoas que estão ocupando as ruas contra o aumento da tarifa de ônibus e que não promovem quebra-quebra e saques nem recorrem a coquetéis molotov para dizer o que pensam — e sobretudo o quanto… deixam de pensar. Esses seriam os lhanos, os mansos de espírito, aqueles a quem deveríamos ser gratos, exaltando as suas virtudes democráticas, com expressões como “Que coisa emocionante! Que coisa bonita! Que bacana!” Ontem, mais de uma vez, fui tomado pela vergonha alheia. Raramente ouvi tanta bobagem em prazo tão curto.

As TVs foram tomadas, assim, por um tom missionário. É como se a Dona Maroca estivesse cobrindo os eventos das praças Tahrir e Taksim. À “maioria pacífica”, opor-se-ia a minoria dos baderneiros, os que saem ateando fogo em tudo o que veem pela frente, depredando prédios públicos, quebrando aparelhos urbanos, querendo briga e confronto. Esses seriam os maus. E esses maus, insistem os criadores de categorias, não representariam aquela maioria de pessoas bem-intencionadas.

Trata-se, lamento, de uma fraude intelectual, em primeiríssimo lugar, e de uma fraude jornalística, dela decorrente, que remete também a uma questão que diz respeito ao ordenamento jurídico, que está sendo incendiado nas redações, como o lixo anda a ser incendiado nas ruas.

A distinção bate, de saída, numa questão de lógica elementar. Se a minoria baderneira não representa a maioria supostamente pacífica que está nas ruas, esses dois grupos juntos formam uma minoria que, por seu turno, não representa a maioria das cidades. É simples, é óbvio, é elementar. De resto, nem maiorias nem minorias podem desrespeitar as leis sem que lhe advenham consequências.

QUESTÕES FUNDAMENTAIS

Cabe perguntar:
1: Que diabo de “maioria (da minoria!!!) pacífica” é essa que impede o direito de ir e vir, que se atribui a licença de paralisar as cidades, que acredita poder impor a milhões de pessoas a sua pauta, a sua agenda, os seus métodos de luta?

2: Que diabo de “maioria pacífica” é essa que aceita se reunir com o secretário de Segurança Pública para conversar, mas jamais para negociar? Que aceita se reunir com o prefeito para conversar, mas jamais para negociar?

3: Que diabo de “maioria pacífica” é essa que arranca do secretário Fernando Grella, por exemplo, o compromisso de que não haveria tropa de choque, de que não haveria obstrução de ruas pela polícia, de que não haveria bala de borracha etc., mas que não deu nada em troca? Não aceitou nem mesmo entregar um itinerário para facilitar o trabalho de segurança. São pessoas que agem como se estivessem apartadas da ordem democrática. No Roda Viva, um dos seus arrogantezinhos sugeriu que o que quer aconteça de ruim em São Paulo é de responsabilidade de Geraldo Alckmin e Fernando Haddad. Afinal, por que eles não revogam o aumento? Bem, uma jornalista e dois “inteliquituais” afirmaram o mesmo ontem…

4: Que diabo de “maioria pacífica” é essa que atribui toda a violência havida na quinta-feira passada à Polícia Militar, sem nem mesmo admitir a parcela de culpa dos vá lá, radicais?

5: Que diabo de “maioria pacífica” é essa que não concede ao prefeito Haddad nem mesmo um prazo, então, para estudar planilhas de custos e, eventualmente, fazer uma sugestão? Não! É tudo ou nada e é agora! Como lembra a professora Janaina Paschoal, num artigo magistral para este blog, eles não sabem ouvir “não” como resposta. Na verdade, eles não sabem ouvir um “talvez”. Birrentos, querem o doce na hora. E fim de papo. Ou é a redução já ou, anunciam, é gente na rua, cidade parada, caos.

AMEAÇA AUTORITÁRIA

Eu tenho uma novidade para os queimadores de Constituição das redações, tratada como se fosse o lixo das ruas. Os bandidos que saqueiam lojas, que depredam patrimônio público e privado, que saem por aí metendo fogo nas coisas incidem numa penca de artigos do Código Penal. Têm de ser presos. Mas esses que vocês chamam “maioria pacífica” violam cláusulas pétreas da Constituição, violam direitos fundamentais.

Esses que estão sendo tratados como heróis por uma penca de más-fés cruzadas (e por muitos inocentes esperançosos) — trato do assunto em outro post — estão estabelecendo novos marcos da luta política no Brasil. Na verdade, trazem para cá, de forma ainda incipiente, táticas filoterroristas que vêm sendo objeto de especulação teórica de alguns chamados neomarxistas, que acreditam que a luta política tem de se dar em duas frentes: a) na desarticulação dos chamados costumes conservadores — e, nesse caso, os principais alvos têm de ser família e a religião (o cristianismo, claro!); b) na desmoralização contínua, permanente, das instituições do estado.

Noto que, até agora, as ditas lideranças de um movimento supostamente sem líderes não vieram a público para condenar o vandalismo. E não vêm por cálculo. Enquanto essa suposta “maioria pacífica” puder contar com os ditos “radicais” como seus aliados objetivos, sempre poderá posar de moderados, ainda que rasgando a Constituição, sob o aplauso quase unânime da imprensa.

CRISE DA DEMOCRACIA REPRESENTATIVA?

Há um engano central em relação a esse movimento, que ignora a sua origem e a sua história. O Passe Livre, meus caros leitores, não é uma associação que luta por indivíduos mais livres, mais autônomos, mais independentes do estado. Ao contrário: do que dá para perceber de sua concepção de sociedade — e se pode ter uma sem que se tenha clareza disso —, os valentes querem outra coisa. Anseiam por uma democracia tutelada por movimentos sociais organizados, que arrogam para si o direito da representação sem passar pelo ritual das eleições. E, POIS, DEMOCRACIA NÃO É.

À diferença do que se diz por aí, a crise está menos na democracia brasileira, na classe política ou nos Poderes — como se tornou hábito repetir bovinamente, na imprensa inclusive — do que nos instrumentos de análise e de percepção da realidade. Se existe uma crise, ela é de natureza intelectual, isto sim!, de parâmetros. Esse mal-estar, prefiro chamá-lo assim, contamina hoje a academia — o pensamento propriamente — e a imprensa. Perderam-se referenciais e valores do que sejam sociedade livre e representação. Essa conversa de que a redução da tarifa é apenas a face visível de um malaise mais profundo — onde se esconderiam repúdio à corrupção, aos desmandos, à gastança irresponsável do governo — traduz mais uma esperança do que um fato. Lamento, mas entendo rigorosamente o contrário.

A bandeira dos 20 centavos (e notem que ele é ponto de honra dos valentes, que não aceitam negociar) é um ensaio do que entendem ser — e com apoio de muitos pensadores ditos alternativos — a democracia direta, sem a mediação de autoridades eleitas, de instituições, do Parlamento, de partidos.

UMA NOTA ANTES QUE AVANCE

O repúdio a bandeiras de partidos políticos, que a tantos encanta, a mim causa preocupação. Eu não tenho nada contra a existência de partidos. Ao contrário! Posso esculhambar impiedosamente aqueles de que discordo, mas ainda não se conseguiu inventar uma maneira melhor de se articularem as diferenças. Eu abomino quem imagina que pode ocupar a cidade, da forma como lhe der na telha, sem prestar satisfações a ninguém, e ainda se sente no direito de forçar o outro a enrolar a sua bandeira. Esse ódio à política é burro, é obscurantista, é ingênuo.

A questão, é bom que fique claro, não é de conteúdo — porque não é mesmo; seria ridículo imaginar toda essa movimentação por causa de 20 centavos — mas de método. Nesse caso, forma é conteúdo. Não! Não são apenas os vândalos que afrontam a noção mais comezinha de democracia. Também os que são chamados de “pacíficos” entendem que podem violar a Constituição sem dever satisfações a ninguém. Eles se negam até a negociar.

CAIXA DE PANDORA

Usei aqui a imagem da Caixa de Pandora desde o primeiro dia, como vocês sabem. Estão é tirando a tampa do vale-tudo. Como observou de forma luminosa a professora Janaina Paschoal, assistimos ao encontro do “construtivismo com território livre”. Há nisso, é certo, um traço de classe social também. Se eu tivesse de juntar um terceiro elemento, acrescentaria as “aulas de humanas” de “professores progressistas” das… escolas particulares! Essa gente carrega, do berço, a noção de que a lei que vale para os outros não pode atingi-la. Foi cevada na cultura do “tudo é permitido e todo ‘não’ é uma violência”. E foi instada pelos barbudinhos a “mudar o mundo” e a sair de sua zona de conforto e “lutar pelo oprimido”. Aí, meus caros, basta lutar para assaltar o céu.


Esses são traços do microcosmo. Junte-se a isso a cultura que se vai consolidando entre nós de que o estado é o grande provedor de tudo, de que a direitos não correspondem deveres e de que as leis, a exemplo do que se verifica hoje com outros ditos “movimentos sociais”, não pode alcançá-los, e temos o que se vê aí. “Ah, mas eles também são contra a corrupção!” Que bom! Só faltava que falassem a favor, não é? “Ah, mas eles querem menos estádio bonito e mais hospitais…” Lamento! Essa não é uma permuta que faça sentido orçamentário, político ou administrativo. A formulação traduz ignorância. Mas sei que a democracia também existe para os ignorantes. Ok! Mas não pode permitir que os autoritários se imponham.

 

domingo, 26 de maio de 2013

45 - Possíveis temas do ENEM

Pessoal, segue um link da revista Veja que trata dos possíveis temas de atualidades que podem cair no ENEM 2013.

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/temas-da-atualidade-que-podem-cair-no-enem-e-vestibulares-2013-2014

sábado, 4 de maio de 2013

44 - Maçonaria

A maçonaria nunca escondeu sua existência nem os seus objetivos. Surgida na Escócia do século XVII e rapidamente transferida para a Inglaterra, ela se definiu desde o início como uma ordem essencialmente filosófica e filantrópica. Pela difusão de um ensinamento esotérico, sem dogmas, o objetivo declarado do grupo é contribuir para o progresso da humanidade, e seus membros são encorajados a praticar o bem ao próximo e a promover a melhoria espiritual e moral.

Os ramos da ordem que se ligam às corporações de pedreiros têm, de fato, lendas de origem que remontam ao Templo de Salomão, às pirâmides do Egito ou aos construtores de catedrais da Idade Média. Todavia, em pouco tempo esses grupos deixaram de ter ligação com a profissão de pedreiro e passaram a agregar, principalmente, artesãos e pequenos comerciantes. Estruturados em Londres e organizados em “obediências” ou “grandes lojas” (agrupamentos de várias lojas), esses locais mais se pareciam com as sociedades fraternas de beneficência e ajuda mútua do período. Esse também foi o momento em que nasceu a maçonaria “especulativa” ou “filosófica”, que se espalhou pela Europa e por suas colônias. A Grande Loja Francesa, por exemplo, foi criada em 1738 e abrigou muitos burgueses, filósofos e escritores como Goethe ou Voltaire.

A reputação de “sociedade secreta” veio por causa dos inúmeros rituais que foram sendo criados com o tempo. Eles não estão escritos em lugar nenhum e consistem em senhas de reconhecimento mútuo e, sobretudo, em uma série de provas de iniciação: depois de se tornar irmão ou irmã, o “aprendiz” não deve mais falar, para poder se impregnar do saber dos mais velhos; em seguida, ele pode se tornar um “companheiro” e, finalmente, ascender ao nível de “mestria”.


Desde sua criação, a maçonaria enfrenta uma série de oposições políticas e religiosas que nunca deixaram de estigmatizá-la e desacreditá-la. Apesar de inúmeras lojas serem de inspiração cristã, a Igreja decidiu que os maçons difundiam o relativismo religioso e divulgou inúmeras bulas papais que chegaram ao ponto de ameaçá-los de excomunhão.

No campo da política, as monarquias do século XVIII lutaram contra as exigências por mais liberdade e igualdade professadas por vários dos membros da ordem. Os marxistas, por sua vez, condenaram o que consideravam um movimento burguês, e o Partido Comunista Francês chegou a pedir aos seus adeptos que deixassem de frequentar as lojas. Os grupos de extrema direita e antissemitas também embarcaram nessa onda de hostilidade: os nazistas, por exemplo, mataram entre 80 mil e 200 mil maçons franceses durante a ocupação do país, além de ordenar a deportação dos demais.

Atualmente, a maçonaria é vista como uma ampla rede social, conduzida pelos interesses de seus membros e sujeita, portanto, a favorecimentos, conflitos e práticas duvidosas. Discreta, mas não secreta, a ordem cada vez mais se livra do estigma de “obscuridade”, e até membros de governos em todo o mundo já encontraram espaço para revelar publicamente que pertencem ao grupo.

                                                                     Olivier Tosseri in Revista História Viva

http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/a_maconaria_e_uma_sociedade_secreta__falso_.html

43 - USP: maioria é das escolas particulares


Quase 70% dos aprovados na USP são egressos de escolas particulares

Entre os matriculados, 79,1% se autodeclaram brancos. Negros são 2,2%

Quase 70% dos calouros que ingressaram na Universidade de São Paulo (USP) em 2013 cursaram o ensino médio em escolas particulares. O dado foi divulgado nesta sexta-feira pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), responsável pelo processo seletivo da USP e da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo. O índice é um contraponto à realidade educacional brasileira, em que 87,2% dos alunos no ensino médio estão em escolas públicas (Pnad 2011).

Aqueles que passaram nas duas fases do vestibular e se matricularam até a última chamada também são majoritariamente autodeclarados brancos, somando 79,1%. Os pardos representam 10,9%, enquanto os amarelos são 7,6%, os negros, 2,2% e os indígenas, 0,2%. Chama a atenção o fato de que nenhum candidato autodeclarado negro foi aprovado nos três cursos mais concorridos da universidade – medicina, engenharia civil em São Carlos e publicidade e propaganda.

Ainda segundo a pesquisa, 81,7% dos calouros de medicina são egressos da rede particular de ensino. E, enquanto pouco mais da metade do total de aprovados na USP tem renda familiar mensal de até sete salários mínimos (4.354 reais), 54% dos matriculados em medicina recebem renda superior a dez salários mínimos (6.220 reais). Desses, quase metade (23,7%) possui renda que ultrapassa vinte salários mínimos (12.440 reais). Além disso, os dados mostram que o candidato de medicina faz, em média, um ano de cursinho até ser aprovado.

Candidatos – Entre os que se inscreveram para participar do vestibular da Fuvest 2013, 59,5% tinham cursado o ensino médio completo em escolas particulares e 35,2%, em escolas públicas. Do total, 75,6% se autodeclararam brancos – maioria seguida pelos pardos (14,8%), amarelos (5,3%), negros (4,1%) e indígenas (0,2%).

                                                                                                                      Veja, 3 de maio de 2013

 

quarta-feira, 6 de março de 2013

42 - Hugo Chávez (1954-2013)


 
Pessoal, segue um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre a morte de Hugo Chávez e sua trajetória política, publicado na versão eletrônica da Veja (5 de março de 2013)

Hugo Chávez (1954-2013)

Em mais de uma ocasião, Hugo Rafael Chávez Frías disse que pretendia permanecer no poder na Venezuela até 2031. Na tarde desta terça-feira, contudo, as complicações advindas de um câncer na região pélvica abreviaram seus planos: a morte de Chávez foi anunciada pelo seu vice, Nicolás Maduro, e pôs fim a um governo que já durava 14 anos. (…) A morte deixa um vácuo difícil de ser preenchido, já que nenhum sucessor tem a mesma ascendência sobre os membros do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e as Forças Armadas, nem o mesmo carisma para conduzir as massas.

Chávez morre aos 58 anos. No início de dezembro, ele viajou a Havana, Cuba, para submeter-se à quarta cirurgia para combater o tumor diagnosticado em junho de 2011 e que nunca foi tratado de maneira inteiramente transparente pelo governo venezuelano – nem mesmo a localização exata do tumor foi revelada. Em 18 de fevereiro deste ano, após 71 dias de ausência, ele anunciou seu retorno à Venezuela pelo Twitter. No entanto, nenhuma imagem do coronel havia sido divulgada desde então. Ele estaria recebendo tratamento no hospital militar da capital, e nesta terça-feira o governo informou que seu estado de saúde havia sofrido uma piora após “nova e severa infecção”.

A doença abateu um político que vendia uma imagem de invencibilidade e que tentou mantê-la até quando o agravamento de seu estado de saúde já mostrava que a realidade era outra. O carismático Chávez deverá ser lembrando pelo estilo espalhafatoso – que causou a célebre reação do Rei Juan Carlos, da Espanha, num encontro de governantes: “Por que não te calas?” – e pela maneira como usou uma das ferramentas da democracia, as eleições periódicas, para desmontar instituições e concentrar poderes. Ao longo de mais de seus anos no poder, ele criou uma milícia própria, manobrou para garantir resultados favoráveis em eleições, confiscou empresas, perseguiu opositores e a imprensa e submeteu a Justiça aos seus interesses.

Origens
Nascido em 28 de julho de 1954, o segundo filho de dois professores da cidade venezuelana de Sabaneta, no oeste da Venezuela, chegou a pensar em se dedicar profissionalmente ao esporte mais popular do país, o beisebol. A mudança de rumo veio depois que entrou para o Exército, aos 17 anos, com o objetivo inicial de se mudar para a capital, Caracas, onde seu talento esportivo poderia ser mais facilmente reconhecido.

Acabou mergulhando no campo militar e foi um dos fundadores do grupo que ficou conhecido como Movimento Bolivariano Revolucionário – em homenagem ao líder da independência da Venezuela, Simon Bolívar. Começou então a organizar seus aliados para tomar o poder. A tentativa de golpe fracassada contra o governo de Carlos Andrés Pérez, em 1992, resultou na morte de 18 pessoas e na sua prisão. Depois de dois anos preso, ele foi perdoado pelo presidente Rafael Caldera e libertado em 1994.

Quatro anos depois, o coronel paraquedista assumiu o comando da Venezuela ao ser eleito com 56% dos votos. Diante de um cenário político marcado pela corrupção, Chávez apresentou-se como um representante das classes mais baixas que promoveria uma melhor distribuição da riqueza vinda do petróleo. De fato, a maior fonte de recursos do país financia os programas assistencialistas conhecidos como “misiones”, que consistem basicamente em uma fórmula para distribuir pequenas quantias de dinheiro aos beneficiários. Há misiones de alfabetização de adultos, de cooperativas agrícolas, de atendimento médico e de venda de alimentos subsidiados, entre outras. Todas estabeleceram uma dependência entre a população pobre e a figura onipresente de Chávez.

O medo de perder os benefícios sociais ou um cargo público manteve a população fiel ao coronel, em um estilo de governo batizado por opositores de “medocracia”. A suspeita de que o sigilo do voto poderia ser violado buscava alicerces em momentos como o verificado em 2004, quando aliados do presidente elaboraram uma lista com o nome de todos os venezuelanos que foram a favor da convocação de um referendo contra Chávez. Além disso, ao longo de seus três mandatos consecutivos, outras irregularidades foram relatadas, como mesários votando no lugar dos eleitores ausentes ou permitindo que militantes chavistas acompanhassem eleitores na cabine de votação. Até sua saída de cena, as artimanhas foram alteradas, mas nunca eliminadas.

Trajetória
Logo depois de assumir o poder, Chávez convoca um referendo em abril de 1999 e consegue autorização popular para eleger os representantes da Assembleia Constituinte que elaboraria a nova Constituição, da agora República Bolivariana da Venezuela. A Constituição acabou com o sistema legislativo bicameral – desde então, o Parlamento é dominado por aliados do presidente. Novas eleições são convocadas para julho de 2000, é Chávez é eleito com quase 60% dos votos. Pouco depois é aprovada a chamada Lei Habilitante, permitindo ao coronel governar por meio de decretos.

A era Chávez foi um período de intensa polarização no país. Os opositores, vendo na figura do presidente uma ameaça comunista, começaram a alertar a classe média sobre os planos de Chávez de nacionalizar toda a iniciativa privada. Já o mandatário rotulava a oposição como “burguesa” e “oligárquica”, influenciada pelo “imperialismo americano”.

As diferenças ficaram evidentes em 2002, quando Chávez demitiu os gestores da PDVSA e substituí-los por pessoas da sua confiança. A decisão associada à insatisfação com as medidas como a desapropriação de latifúndios, o que acabou provocando uma tentativa de golpe de estado pela oposição. Em protesto, a Fedecámaras, entidade representante dos empresários, convoca uma greve geral para o abril, que termina com 13 mortos. O descontentamento com a liderança de Chávez atingiu também alguns setores do Exército, e antigos apoiadores do coronel o abandonaram. No dia 12 de abril, um grupo de oficiais anuncia que Chávez tinha renunciado e que o presidente da Fedecámaras, Pedro Carmona, havia assumido o comando do país. Mas o plano deu certo apenas por 47 horas. Partidários de Chávez, apoiados por comandantes militares, pedem a volta do mandatário e Carmona abandona o posto. Depois de se restabelecer, Chávez passou a reprimir os meios de comunicação independentes, com a acusação de que eles estariam distorcendo as informações em favor da oposição.

Mas a insatisfação resulta em novos protestos e greve geral, que afeta a produção de petróleo na Venezuela. Afetados pelo problema interno, os Estados Unidos pressionam a oposição por um acordo com o governo. Em 2003, uma coligação de partidos opositores convoca um referendo sobre a permanência ou não de Chávez no poder. A consulta popular foi realizada no ano seguinte, com a maioria dos eleitores apoiando o mandatário – sob acusações de fraude por parte da oposição que, no ano seguinte, boicotou as eleições parlamentares.

Em dezembro de 2006, Chávez é reeleito para um terceiro mandato, com quase 63% dos votos. No ano seguinte, ele decide não renovar os direitos de transmissão da emissora de TV mais popular do país, a RCTV. Governando sem oposição no Parlamento, o caudilho ganha poderes para governar novamente por meio de decretos. Ainda em 2007, no entanto, sofre um revés quando os venezuelanos votam contra a proposta de reforma constitucional que previa, entre outras coisas, o direito de reeleição ilimitada para a Presidência. A derrota foi logo revertida pelo ditador, que convocou, no ano seguinte, uma nova consulta popular para aprovar o item que lhe permitiu perpetuar-se no poder. A aprovação, mais uma vez, foi feita com amplo uso da máquina pública.

Em 2010, a oposição recebeu a maioria dos votos na eleição parlamentar, mas Chávez conseguiu garantir mais representantes do PSUV na Assembleia Nacional ao alterar os mapas dos distritos eleitorais, dando mais peso aos votos das zonas rurais, onde tem mais apoio.

Nas últimas eleições presidenciais, em 7 de outubro, Chávez voltou a usar a máquina para impor toda sorte de obstáculos à campanha do opositor Henrique Capriles, governador do estado de Miranda. Logo depois da unificação opositora em torno do nome de Capriles, ele foi punido com um corte no orçamento do seu estado. O governo nacional também tirou de sua administração todos os hospitais e postos de saúde. Ao longo da campanha, Chávez lançou mão do expediente antidemocrático de usar a cadeia nacional para interromper transmissões de atos políticos de Capriles pelas emissoras. E chegou até mesmo a acusar a oposição de fazer bruxaria contra sua campanha eleitoral. Depois do resultado que assegurou um quarto mandato ao coronel, a oposição afastou a hipótese de fraude, mas destacou que a campanha foi feita em condições desiguais.

Bufão
Internamente, Chávez usou as emissoras de TV com desenvoltura para cantar, fazer longos discursos e palhaçadas. Essa personalidade excêntrica também foi apresentada a líderes mundiais em diversas ocasiões. Uma das mais marcantes foi seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 2006, quando chamou o ex-presidente americano George W. Bush de “demônio” e recomendou a leitura de um livro de Noam Chomsky, conhecido crítico do governo dos EUA, sobre os perigos do imperialismo americano.

No ano seguinte, no entanto, ele encontrou um interlocutor com pouca paciência. O rei da Espanha, Juan Carlos, disse a Chávez a célebre frase “¿Por qué no te callas?”, durante uma Cúpula Ibero-Americana, em Santiago, Chile. A reação do rei ocorreu depois que Chávez chamou o ex-premiê espanhol José Maria Aznar, um aliado de Bush eleito democraticamente, de “fascista”.

As ações de Chávez no exterior, contudo, foram muito além de bravatas. Além de financiar o assistencialismo que deu origem a uma fiel base eleitoral na Venezuela, o dinheiro do petróleo foi usado pelo ditador para comprar aliados na América Latina, como Cuba e Bolívia. O petróleo também estreitou as relações entre a Venezuela e a China. O governo chinês financia projetos na Venezuela e recebe petróleo em troca. Com isso, Chávez pretendia reduzir a dependência dos Estados Unidos, realidade da economia de seu país, a despeito do declarado antiamericanismo do caudilho – que chegou a ser incluído no currículo das escolas.

Em nome dos aliados, Chávez não se constrangeu ao enviar um navio com petróleo para a Síria em fevereiro de 2012, quando a comunidade internacional tentava isolar o governo de Bashar Assad, e não deixou de apoiar Mahmoud Ahmadinejad mesmo com os esforços do Ocidente para tentar dissuadir o Irã dos planos de desenvolver armas nucleares.

A tentativa de ampliar sua influência na América Latina – por meios tortos ou equivocados – nunca foi abandonada. Suas ações foram desde o financiamento de insurreições nos países vizinhos à criação da Alba (Alternativa Bolivariana para as Américas), anunciada em 2005 como uma resposta à Alca, a área de livre-comércio das Américas proposta pelos Estados Unidos, e que se tornou um clube de amigos do Chávez. Em outra frente, o coronel foi grande apoiador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia. Documentos encontrados em poder da narcoguerrilha colombiana revelaram que a ajuda vinha na forma de dinheiro, guarida, armas, assistência médica.

Uma das últimas intervenções do ditador teve como alvo o Paraguai. Chávez mandou o então chanceler Nicolás Maduro reunir-se com a cúpula das Forças Armadas paraguaias para incitar uma reação a favor de Fernando Lugo, que foi alvo de impeachment em junho do ano passado. As relações entre os dois países estão estremecidas desde então.

Doença
Desde junho de 2011, quando revelou sofrer da doença, o presidente viajou diversas vezes a Cuba para dar continuidade ao tratamento, sem detalhar sua situação. As informações sobre o câncer foram desencontradas desde o início – nem o tipo nem a localização dos tumores foram revelados com exatidão. Até mesmo os comentários de Chávez sobre o câncer oscilavam. Em um momento, ele parecia otimista e se dizia “curado”. Em outro, alertava para uma queda de ritmo. Depois, prometia voltar “com mais energia”.

Em novembro de 2012, seis meses depois da última sessão de quimioterapia e após ficar semanas sem aparecer em público, ele voltou a Cuba para um tratamento especial. Oficialmente, anunciou que as sessões de oxigenação hiperbárica “consolidariam o processo de fortalecimento” de sua saúde. Depois de ficar mais de uma semana na ilha, voltou à Venezuela. Porém, apenas dois dias depois, informou que viajaria novamente a Cuba para se submeter à quarta cirurgia em 18 meses. Admitiu que a nova intervenção cirúrgica apresentava um risco e, pela primeira vez falou em um sucessor: o vice-presidente, Nicolás Maduro. Depois de mais de dois meses internado em Cuba, o governo divulgou fotos do mandatário com as filhas. Ele aparecia sorridente.

Ao longo do tratamento, Chávez apelou para a fé. Durante a Semana Santa de 2012, o ditador venezuelano demonstrou um fervor religioso fora do comum. Logo ele — que costumava condenar a Igreja e toda a sua hierarquia, insultando cardeais, bispos e até mesmo o Vaticano como instituição em seus discursos —, nesse feriado religioso, participou de uma missa em Barinas, sua cidade natal, onde se mostrou um católico devoto.

Chávez casou-se duas vezes: a primeira com Nancy Colmenares, com quem teve três filhos —- Rosa Virginia, María Gabriela e Hugo Rafael —, e a segunda com a jornalista Marisabel Rodríguez, de quem se separou em 2003 e com quem teve uma filha, Rosinés. Além disso, também teria mantido uma relação amorosa por cerca de dez anos com a historiadora Herma Marksman, enquanto era casado com sua primeira esposa.

Por Reinaldo Azevedo in http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

41 - Periodização tradicional da história

Segue uma tabela da periodização tradicional da história da humanidade, com as características básicas de cada período. A Pré-História é a época da história das sociedades simples (sociedades sem escrita, com maior igualdade social entre seus membros, sem cidades e sem Estado e governo). Aqui considerei como início da Pré-História o aparecimento do Homo sapiens, a nossa espécie, mas ela pode ser recuada se consideraramos outras espécies do gênero Homo extintas. A história das civilizações, entendidas como sociedades complexas altamente estratificadas (divididas em grupos sociais diferenciados pela riqueza, funções e privilégios), com Estado e governo, cidades e escrita, envolve as Idades Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. As Idades Antiga, Média e Moderna são as épocas da história das civilizações pré-industriais, baseadas em sociedades tradicionais, quer dizer, sociedades agrárias, rurais e fortemente religiosas. A Idade Contemporânea, por sua vez, é a época das civilizações industriais, com sociedades modernas (a modernidade), consideradas sociedades industriais, urbanas e seculares ou laicas (com um relativo declínio da religião no conhecimento e na política).
 
 
 
 
   PRÉ-HISTÓRIA
 
  200 mil aC
  Homo Sapiens
 
 
 
  3000 aC
  Escrita
   HISTÓRIA DAS SOCIEDADES SIMPLES
     SEM ESCRITA (ÁGRAFAS)
     MAIOR IGUALDADE SOCIAL
    SEM CIDADES
    SEM ESTADO E GOVERNO
 
   IDADE ANTIGA
 3000 aC
  Escrita
 
 476
 Queda de Roma
  
   HISTÓRIA DAS
   CIVILIZAÇÕES
   
  SOCIEDADES
  COMPLEXAS
 
      DESIGUALDADE
  SOCIAL
 
  CIDADES
 
 
   GOVERNO
 
 
   ESCRITA
 
                 CIVILIZAÇÕES PRÉ-INDUSTRIAIS
                 SOCIEDADES TRADICIONAIS
                 AGRÁRIAS
                 RURAIS
                RELIGIOSAS
 
 
   IDADE MÉDIA
 476
 Queda de Roma
 
 1453
 Queda de Constantinopla
 
 
 IDADE MODERNA
 
 1453
 Queda de Constantinopla
 
 1789
 Revolução Francesa
 
 
 
  
         IDADE
CONTEMPORÂNEA
 
 1789
 Revolução Francesa
 
 
 
 
 
Dias de hoje
     CIVILIZAÇÕES INDUSTRIAIS
      SOCIEDADES MODERNAS (MODERNIDADE)
      INDUSTRIAIS
      URBANAS
     SECULARES/LAICAS: RELATIVO DECLÍNIO DA RELIGIÃO  NO CONHECIMENTO E NA POLÍTICA