segunda-feira, 22 de julho de 2013

57 - O Politicamante Correto


Pessoal, terminei de ler o livro Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, de Luiz Felipe Pondé, no formato ebook pelo Kindle. Minha avaliação: duas estrelas em cinco. Tenho a impressão que o livro foi escrito às pressas, aproveitando o sucesso do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do Leandro Narloch (autor de outro livro do gênero, o Guia Politicamente Incorreto da América Latina, também, aparentemente, elaborado de forma apressada). Mesmo assim, Pondé fez uma boa síntese da questão do politicamente correto – o uso de uma linguagem e de uma postura considerada correta pelas esquerdas porque, supostamente, evita a discriminação de minorias. Seguem trechos do livro de Pondé abordando essa questão:

O politicamente correto é um "ramo" do pensamento de esquerda americano. Se pensarmos no contexto onde ele nasceu, veremos a ascensão social dos negros americanos no final dos anos 60. Fenômeno semelhante aos gays a partir dos anos 80. A semelhança apenas comprova a tese: assim como a ascensão social dos negros nos anos 60, a ascensão social dos gays nos anos 80 gerou o que podemos chamar de mal-estar com relação ao "mau" tratamento dado aos gays na vida social comum.

Pelo fato de ter sido um fenômeno que entrou para a agenda da nova esquerda americana, a necessidade de melhores maneiras no convívio com os negros acabou por se transformar num "programa político de criação de uma nova consciência social". A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres), enquanto, para a nova, é todo tipo de grupos de "excluídos": mulheres, negros, gays, aborígenes, índios.

O politicamento correto, assim, nesse momento, se caracterizará por ser um movimento que busca moldar comportamentos, hábitos, gestos e linguagem para gerar a inclusão social desses grupos e, por tabela, combater comportamentos, hábitos, gestos e linguagem que indiquem uma recusa dessa inclusão. Daí foi um salto para virar ações afirmativas, isto é, leis e políticas públicas que gerassem a realização do processo (cotas de negros, gays, índios nas universidades e nas empresas, por exemplo). Associado a isso, a universidade começou a produzir (sendo a universidade sempre de esquerda) teorias sobre como a ideologia de ricos, brancos, homens heterossexuais, ocidentais, cristãos criaram mentiras para colocar as vítimas (os grupos excluídos citados acima) como sendo menos inteligentes, capazes, honestos etc. O próximo passo foi a criação de departamentos nas universidades dedicados à crítica da ideologia dos "poderosos".

O problema com o politicamente correto é que ele acabou por criar uma agenda de mentiras intelectuais (filosóficas, históricas, psicológicas, antropológicas etc) a serviço do "bem", gerando censura e perseguições nas universidades e na mídia para aqueles que ousam pôr em dúvida suas mentiras "do bem".

Movidos pela ideia rousseauniana de que o mais fraco politicamente é por definição melhor moralmente, o exército do politicamente correto se transformou numa grande horda de violência na esfera intelectual nas últimas décadas, criando uma verdadeira "cosmologia" politicamente correta a serviço da transformação do mundo no mundo que eles têm na cabeça, muitas vezes inviabilizando qualquer possibilidade de pensar diferente.

PONDÉ, Luiz Felipe. Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. São Paulo: Leya, 2012. Edição eletrônica, posição 132-161

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