Pessoal, terminei de ler o livro Guia Politicamente Incorreto da Filosofia,
de Luiz Felipe
Pondé, no formato ebook pelo Kindle. Minha avaliação: duas estrelas
em cinco. Tenho a impressão que o livro foi escrito às pressas, aproveitando o
sucesso do Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil, do Leandro
Narloch (autor de outro livro do gênero, o Guia Politicamente Incorreto da
América Latina, também, aparentemente, elaborado de forma apressada). Mesmo
assim, Pondé fez uma boa síntese da questão do politicamente correto – o uso de uma linguagem e de uma postura
considerada correta pelas esquerdas porque, supostamente, evita a discriminação
de minorias. Seguem trechos do livro de Pondé abordando essa questão:
O politicamente
correto é um "ramo" do pensamento de esquerda americano. Se pensarmos
no contexto onde ele nasceu, veremos a ascensão social dos negros americanos no
final dos anos 60. Fenômeno semelhante aos gays a partir dos anos 80. A semelhança
apenas comprova a tese: assim como a ascensão social dos negros nos anos 60, a
ascensão social dos gays nos anos 80 gerou o que podemos chamar de mal-estar
com relação ao "mau" tratamento dado aos gays na vida social comum.
Pelo fato de ter
sido um fenômeno que entrou para a agenda da nova esquerda americana, a
necessidade de melhores maneiras no convívio com os negros acabou por se
transformar num "programa político de criação de uma nova consciência
social". A diferença entre a velha esquerda e a nova esquerda é que, para
a velha, a classe que salvaria o mundo seria o proletariado (os pobres),
enquanto, para a nova, é todo tipo de grupos de "excluídos":
mulheres, negros, gays, aborígenes, índios.
O politicamento
correto, assim, nesse momento, se caracterizará por ser um movimento que busca
moldar comportamentos, hábitos, gestos e linguagem para gerar a inclusão social
desses grupos e, por tabela, combater comportamentos, hábitos, gestos e
linguagem que indiquem uma recusa dessa inclusão. Daí foi um salto para virar ações afirmativas, isto é, leis e
políticas públicas que gerassem a realização do processo (cotas de negros, gays,
índios nas universidades e nas empresas, por exemplo). Associado a isso, a universidade começou a produzir (sendo
a universidade sempre de esquerda) teorias sobre como a ideologia de ricos,
brancos, homens heterossexuais, ocidentais, cristãos criaram mentiras para colocar
as vítimas (os grupos excluídos citados acima) como sendo menos inteligentes,
capazes, honestos etc. O próximo passo foi a criação de departamentos nas
universidades dedicados à crítica da ideologia dos "poderosos".
O problema com o
politicamente correto é que ele acabou por criar uma agenda de mentiras
intelectuais (filosóficas, históricas, psicológicas, antropológicas etc) a
serviço do "bem", gerando censura e perseguições nas universidades e
na mídia para aqueles que ousam pôr em dúvida suas mentiras "do bem".
Movidos pela
ideia rousseauniana de que o mais fraco politicamente é por definição melhor
moralmente, o exército do politicamente correto se transformou numa grande
horda de violência na esfera intelectual nas últimas décadas, criando uma
verdadeira "cosmologia" politicamente correta a serviço da
transformação do mundo no mundo que eles têm na cabeça, muitas vezes
inviabilizando qualquer possibilidade de pensar diferente.
PONDÉ, Luiz Felipe. Guia Politicamente Incorreto da Filosofia.
São Paulo: Leya, 2012. Edição eletrônica, posição 132-161
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