Pessoal, seguem trechos de
um texto do jornalista Reinaldo Azevedo sobre
o Dia Nacional de Lutas – uma fracassada tentativa de paralização do país
organizada por vários sindicatos de trabalhadores e partidos políticos, que
reivindicaram, entre outras coisas, a redução da jornada de trabalho e o fim do
fator previdenciário (aplicado no cálculo para o recebimento da aposentadoria
integral, estimulando o trabalhador a adiá-la). Como outros analistas, ele faz
uma comparação entre a manifestação de ontem (dia 11 de julho) e os protestos
de junho. Destaquei em negrito as partes que considerei mais interessantes.
Micou de maneira retumbante
o tal Dia Nacional de Lutas. A CUT, a Força Sindical, outras centrais e os
partidos políticos de esquerda foram malsucedidos na tentativa de pegar carona
da onda de protestos que sacudiu o país. Houve, sim, muita atrapalhação nas
estradas, ocupação em porto, escaramuças, dificuldades aqui e ali, mas nada nem
remotamente parecido com os protestos havidos no mês passado.
O que significa o micão
desta quinta, em contraste com aquele milhão e meio de dias atrás? Significa
que reivindicar o inexequível é bem mais gostoso, o que nos remete a um dos
lemas de Maio de 1968, na França: “Seja realista, peça o impossível”. O evento
também expõe uma das forças e, ao mesmo tempo, das maiores fragilidades da “onda
de protestos” no Brasil: a composição social de quem vai ou foi às ruas. O
primeiro passo para responder de forma eficiente à realidade é admiti-la: os pobres, com raras exceções, preferiram,
até agora, ficar em casa.
Lastimo é que a pobreza de
liderança política no Brasil se reflita também nos sindicatos e que estejamos
sem o fio que possa desatar o nó.
Cobrar redução da jornada e
fim do fator previdenciário, olhem que coisa!, parece apequenar o movimento e a
razão por que se vai às ruas; é, como diriam os adolescentes hoje em dia (de
maneira irritante), “tipo assim” coisa de pobre, de um pragmatismo incompatível
com o sonho e com as evocações românticas. Os
“sonháticos” querem um outro mundo possível… Não! Na verdade, pretendem um
outro mundo… impossível. Nele, não só os políticos não roubam como, a rigor,
não há políticos nem política.
Líderes que efetivamente representam grupos e com os
quais se podem fazer acordos mobilizam meia dúzia de gatos-pingados; não
líderes – e que, portanto, não lideram, mas alçados pela imprensa à
condição de estrelas da não representação – conseguem criar eventos que
reúnem alguns milhares.
Há quem se deixe cair de
encantos por um paradoxo cuja graça, havendo alguma, é não mais do que literária
– e literatura meio velha, da década de 60: a “juventude” que está nas ruas tem força, mas não sabe o que quer, e
os que sabem o que querem já não têm força. Mas onde está a virtude desse
troço? Se isso produzir algo, tenho minhas dúvidas, será, no máximo, um
impasse. Para o qual ninguém tem resposta.
Texto completo em http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/geracao-facebook-diz-nao-a-forca-sindical-a-cut-e-aos-partidos-politicos-e-dia-nacional-de-lutas-vira-um-grande-mico-falha-tentativa-dos-aparelhos-de-ganhar-as-r/
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