quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

41 - Periodização tradicional da história

Segue uma tabela da periodização tradicional da história da humanidade, com as características básicas de cada período. A Pré-História é a época da história das sociedades simples (sociedades sem escrita, com maior igualdade social entre seus membros, sem cidades e sem Estado e governo). Aqui considerei como início da Pré-História o aparecimento do Homo sapiens, a nossa espécie, mas ela pode ser recuada se consideraramos outras espécies do gênero Homo extintas. A história das civilizações, entendidas como sociedades complexas altamente estratificadas (divididas em grupos sociais diferenciados pela riqueza, funções e privilégios), com Estado e governo, cidades e escrita, envolve as Idades Antiga, Média, Moderna e Contemporânea. As Idades Antiga, Média e Moderna são as épocas da história das civilizações pré-industriais, baseadas em sociedades tradicionais, quer dizer, sociedades agrárias, rurais e fortemente religiosas. A Idade Contemporânea, por sua vez, é a época das civilizações industriais, com sociedades modernas (a modernidade), consideradas sociedades industriais, urbanas e seculares ou laicas (com um relativo declínio da religião no conhecimento e na política).
 
 
 
 
   PRÉ-HISTÓRIA
 
  200 mil aC
  Homo Sapiens
 
 
 
  3000 aC
  Escrita
   HISTÓRIA DAS SOCIEDADES SIMPLES
     SEM ESCRITA (ÁGRAFAS)
     MAIOR IGUALDADE SOCIAL
    SEM CIDADES
    SEM ESTADO E GOVERNO
 
   IDADE ANTIGA
 3000 aC
  Escrita
 
 476
 Queda de Roma
  
   HISTÓRIA DAS
   CIVILIZAÇÕES
   
  SOCIEDADES
  COMPLEXAS
 
      DESIGUALDADE
  SOCIAL
 
  CIDADES
 
 
   GOVERNO
 
 
   ESCRITA
 
                 CIVILIZAÇÕES PRÉ-INDUSTRIAIS
                 SOCIEDADES TRADICIONAIS
                 AGRÁRIAS
                 RURAIS
                RELIGIOSAS
 
 
   IDADE MÉDIA
 476
 Queda de Roma
 
 1453
 Queda de Constantinopla
 
 
 IDADE MODERNA
 
 1453
 Queda de Constantinopla
 
 1789
 Revolução Francesa
 
 
 
  
         IDADE
CONTEMPORÂNEA
 
 1789
 Revolução Francesa
 
 
 
 
 
Dias de hoje
     CIVILIZAÇÕES INDUSTRIAIS
      SOCIEDADES MODERNAS (MODERNIDADE)
      INDUSTRIAIS
      URBANAS
     SECULARES/LAICAS: RELATIVO DECLÍNIO DA RELIGIÃO  NO CONHECIMENTO E NA POLÍTICA

sexta-feira, 8 de junho de 2012

40 - Livro “Nem Heróis, Nem Vilões”


“Nem Heróis, Nem Vilões”, do jornalista Moacir Assunção, é um estudo sobre a Guerra do Paraguai (1864-1870), publicado recentemente pela Record (2012). Excluindo os agradecimentos, as apresentações, a bibliografia e o índice, são 413 páginas de texto, dividido em 16 capítulos, mais a conclusão, uma cronologia e três entrevistas. Comecei a ler a obra com uma expectativa positiva. Na orelha do livro, o historiador Francisco Doratioto – talvez a maior autoridade sobre o conflito platino – afirma que “Nem Heróis, Nem Vilões” possui uma “redação clara, direta e de leitura agradável” e que “O leitor certamente terá, com este livro, uma leitura prazerosa”. Na Apresentação, o jornalista Fernando Jorge escreve ser o “livro enleante, capaz de magnetizar o leitor da primeira até a última página”, “fruto de longa e cuidadosa pesquisa” e que “é, acima de tudo um livro inovador” “por ser diferente, original”. Infelizmente, “Nem Heróis, Nem Vilões” não atendeu as expectativas. O texto é confuso e muito repetitivo, indicando uma elaboração rápida e uma revisão descuidada. “Nem Heróis, Nem Vilões” não é uma narrativa cronológica da guerra, mas um conjunto de temas sobre ela. O leitor que não conhece minimamente o conflito terá dificuldades e certamente ficará perdido em muitos capítulos. O livro possuiu, no final, uma boa cronologia que pode ajudar a atenuar esse problema, mas o autor poderia ter incluído, no início da obra, um resumo narrativo da guerra em quatro ou cinco páginas, mais abrangente do que os apresentados nos manuais escolares. Alguns erros históricos foram cometidos, como na afirmação, na pág. 80, de que a Guerra da Cisplatina (1825-1828) foi “movida por D. João VI contra o Uruguai”, quando, de fato, ela ocorreu sob D. Pedro I e foi um importante fator que desgastou o seu governo, como, aliás, a Guerra do Paraguai também desgastou o regime do seu filho D. Pedro II. São falhas que podem ser resolvidas em uma nova edição. De toda forma, o livro vale pelas curiosidades que resgata do conflito, ainda que exija cautela com algumas informações. Não espere uma nova narrativa da guerra mais importante que envolveu o Brasil desde a independência. Para isso, leia “Maldita Guerra” de Francisco Doratioto (Companhia das Letras, 2002). E não espere também um Laurentino Gomes.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

39 - esquema de aula: Revolução Americana



A ERA DAS REVOLUÇÕES (1774-1850)
1. SIGNIFICADO
INICIOU A IDADE CONTEMPORÂNEA (c. 1780 EM DIANTE)
INAUGUROU O LONGO SÉCULO XIX (1774-1914)
A FASE INICIAL DA IDADE CONTEMPORÂNEA MARCADA PELO IMPACTO DA DUPLA REVOLUÇÃO
REVOLUÇÃO ECONÔMICA: REVOLUÇÃO INDUSTRIAL BRITÂNICA (1780)
REVOLUÇÃO POLÍTICA: REVOLUÇÃO AMERICANA (1774-1787) E REVOLUÇÃO FRANCESA (1789-1799)
REPRESENTOU O NASCIMENTO DA MODERNIDADE OU SOCIEDADE MODERNA
INDUSTRIAL-URBANA
SECULAR/LAICA
CRENÇA NO PROGRESSO
IDEAIS DE ISONOMIA, CIDADANIA E SOBERANIA POPULAR
ESTADO NACIONAL: GOVERNO REPRESENTANTE DA NAÇÃO/POVO
CRIOU AS CONDIÇÕES POLÍTICAS PARA O AVANÇO DA MODERNIZAÇÃO
TRANSFORMAÇÃO DA SOCIEDADE TRADICIONAL (AGRÁRIA, RURAL, RELIGIOSA) NA SOCIEDADE MODERNA
2. ASPECTOS GERAIS
FOI A ÉPOCA DAS REVOLUÇÕES OCIDENTAIS, REVOLUÇÕES ATLÂNTICAS OU REVOLUÇÕES LIBERAIS DA EUROPA E AMÉRICA
1774-1787. REVOLUÇÃO AMERICANA
1789-1799. REVOLUÇÃO FRANCESA
1791-1804. REVOLUÇÃO HAITIANA
1810-1825. REVOLUÇÕES HISPANO-AMERICANAS
1820-1848. REVOLUÇÕES EUROPÉIAS
3. MOTIVOS
A CRISE GERAL DO ANTIGO REGIME
O ANTIGO REGIME
ABSOLUTISMO
SOCIEDADE ESTAMENTAL DIVIDIDA EM ORDENS
PODER DA ARISTOCRACIA
SUPREMACIA DA IGREJA
MERCANTILISMO E COLONIALISMO (ANTIGO SISTEMA COLONIAL)
A ASCENSÃO DA BURGUESIA NA EUROPA E DAS ELITES COLONIAIS NA AMÉRICA
CRESCENTE PODER ECONÔMICO SEM PODER POLÍTICO
DEMANDA POR MAIS DIREITOS E LIBERDADE ECONÔMICA
DIFUSÃO DO ILUMINISMO, DO LIBERALISMO E DO NACIONALISMO
ILUMINISMO
RACIONALISMO/CIENTIFICISMO
LIBERDADE
FÉ NO PROGRESSO
LIBERALISMO
DIREITOS INDIVIDUAIS: VIDA, PROPRIEDADE, LIBERDADE
ISONOMIA
CIDADANIA
GOVERNOS CONSTITUCIONAIS: ELEITOS PELOS CIDADÃOS E LIMITADOS PELA LEI
TOLERÂNCIA IDEOLÓGICA
LIBERDADE ECONÔMICA
NACIONALISMO
NAÇÃO: POVO UNIDO PELA CULTURA/HISTÓRIA COMUM E QUE SE VÊ COMO DISTINTO DOS OUTROS POVOS
DEFESA DA SOBERANIA/INDEPENDÊNCIA NACIONAL
A NAÇÃO DEVE POSSUIR O SEU PRÓPRIO ESTADO
O IMPACTO DAS GUERRAS EUROPÉIAS
1756-1763. GUERRA DOS SETE ANOS
1778-1783. INTERNACIONALIZAÇÃO DA GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DOS EUA
1792-1815. GUERRAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA E GUERRAS NAPOLEÔNICAS
ESSAS GERARAM PROBLEMAS FINANCEIROS E MILITARES QUE CAUSARAM CRISES POLÍTICAS NO ANTIGO REGIME E NO SISTEMA COLONIAL
4. A CRISE DO ANTIGO SISTEMA COLONIAL (1750-1825)
CRISE DO COLONIALISMO EUROPEU NA AMÉRICA
Inserida na crise geral do Antigo Regime
AS REFORMAS COLONIAIS (1750-1800)
Feitas pelas metrópoles para aumentar o controle e exploração das colônias
ampliação do mercantilismo
mais impostos e monopólios
pacto-colonial mais rigoroso
maior intervencionismo governamental
menos autonomia para as colônias
Causaram grande insatisfação entre os colonos
Exemplos:
1750-1777. Portugal: Reformas Pombalinas
1764-1788. Espanha: Reformas Bourbônicas
1764-1774. Grã-Bretanha: Nova Política Colonial
5. A REVOLUÇÃO AMERICANA (1774-1787)
5.1 SIGNIFICADO
Independência das Treze Colônias britânicas na América do Norte
Criação dos Estados Unidos da América (EUA)
5.2 ANTECEDENTES
a) A AMÉRICA COLONIAL BRITÂNICA EM 1750
ÍNDIAS OCIDENTAIS BRITÂNICAS: NO CARIBE
Barbados, Jamaica, Antigua
Colonização de exploração: plantations açucareiras, escravidão negra
TREZE COLÔNIAS BRITÂNICAS: NA COSTA LESTE DA AMÉRICA DO NORTE
COLÔNIAS DO SUL: colonização de exploração
Plantations de fumo e algodão
Escravidão negra
Aristocracia rural
COLÔNIAS DO NORTE (NOVA INGLATERRA): colonização de povoamento
Pequena propriedade, policultura
Servidão de contrato (temporária), trabalho livre
Maior importância do mercado interno e das cidades’
Indústria naval
Comércio triangular entre a Nova Inglaterra, África e Caribe/sul das Treze Colônias
Burguesia colonial, classe média (rural, urbana)
ASPECTOS GERAIS DAS TREZE COLÔNIAS
Extermínio/expulsão dos indígenas
Mas a presença nativa continuava importante nas áreas de fronteiras
Forte presença do protestantismo/calvinismo (anglicanismo, puritanismo)
Valorização do trabalho, esforço individual, busca do sucesso
América vista como a Terra Prometida (Nova Jerusalém) e os colonos como o “povo eleito” (Novo Israel)
Forte presença das tradições políticas inglesas e do Iluminismo
Constitucionalismo (governo limitado pela lei/poder legislativo), representação política, direito de resistência contra a tirania/opressão
Principais intelectuais iluministas: Benjamin Franklin (1706-1790), Thomas Jefferson (1743-1826), John Adams (1735-1826)
Negligência colonial ou salutar
A interferência da metrópole nos assuntos coloniais era relativamente pequena
Assembléias coloniais (voto censitário) com grande autonomia
Baixos impostos, pouco controle do comércio externo
Conflitos coloniais com os franceses da Nova França (Quebec/Canadá)
Disputas pelas terras indígenas do Ohio
b) A GUERRA DOS SETE ANOS (1756-1763)
GRÃ-BRETANHA E PRÚSSIA CONTRA A FRANÇA, ÁUSTRIA E ESPANHA, ENTRE OUTROS
A GUERRA NA AMÉRICA E ÍNDIA:
Disputa colonial entre Grã-Bretanha e França
VITÓRIA DA GRÃ-BRETANHA
Conquista do Quebec e do Ohio, franceses expulsos da América do Norte
PROBLEMAS BRITÂNICOS
O crescimento da dívida pública (custo da guerra) e a ampliação do império exigiram uma mudança na política colonial
c) A NOVA POLÍTICA COLONIAL BRITÂNICA (1764-1774)
MAIOR INTERFERÊNCIA DA METRÓPOLE NOS ASSUNTOS COLONIAIS
Intensificação do mercantilismo
Aumento dos impostos
Pacto-colonial mais rigoroso
Imposição de monopólios comerciais
Redução da autonomia das assembléias coloniais
Para os colonos, a liberdade estava ameaçada pela opressão do colonialismo
CONSEQUÊNCIAS
Revoltas nas colônias contra a Lei do Açucar (1764), Lei do Selo (1765), Lei do Chá (1773), Leis Intoleráveis (1774)
5.3 FASES DA REVOLUÇÃO AMERICANA
a) A REVOLUÇÃO CONSERVADORA (1774-1775)
TENTATIVA DE COMPROMISSO
Colonos aceitariam o domínio britânico, mas a Nova Política Colonial precisaria ser revista permitindo a restauração da negligência colonial
LEMA DOS REBELDES
 “Nenhuma taxação sem representação” (apenas órgãos representativos dos colonos poderiam tributá-los)
CRIAÇÃO DO CONGRESSO CONTINENTAL
Assembléia revolucionária das Treze Colônias
Dirigiu a luta contra a Grã-Bretanha
Criou o Exército Revolucionário
FRACASSO DAS TENTATIVAS DE COMPROMISSO
A rebelião virou uma revolução (luta pela independência/transformação da ordem política)
b) GUERRA DE INDEPENDÊNCIA DOS EUA (1775-1783)
Exército revolucionário comandado por George Washington
10 janeiro 1776. “O SENSO COMUM”(COMMON SENSE)
Panfleto de Thomas Paine
Difundiu e popularizou a idéia de independência
4 julho 1776. DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA
Elaborada por Thomas Jefferson
INTERNACIONALIZAÇÃO DA GUERRA
França, Espanha e Holanda entram na guerra contra a Grã-Bretanha
DERROTA BRITÂNICA
Grã-Bretanha reconhece a independência dos EUA
EUA ficam com o Ohio
Grã-Bretanha continuou com as Índias Ocidentais e o Canadá
c) A CONSTITUIÇÃO DE 1787
REGIME LIBERAL
República presidencialista federativa
Divisão em 3 poderes
Eleições indiretas p/ presidente (Colégio Eleitoral)
Primeiro presidente: George Washington (1789-1797)
AMPLA AUTONOMIA PARA OS GOVERNOS ESTADUAIS
Abolição da escravidão no Norte: a região avançou na direção da modernidade/industrialização capitalista
Manutenção da escravidão no Sul: a região continuou com uma estrutura tradicional agrária, escravista e aristocrática
5.4 O IMPACTO DA REVOLUÇÃO AMERICANA
Influenciou a Revolução Francesa e as Revoluções Hispano-Americanas
1823. DOUTRINA MONROE
Presidente James Monroe (1817-1825)
EUA apoiam a independência da América Latina (“A América para os americanos”)